A televisão, o VHS, o DVD e a falta de espaço e tempo transformam as salas em coisinhas diminutas, de preço alto e bonitinhas, mas com pouco a mostrar na tela. Não há mais cinemas de rua. Todos eles se internaram nos shoppings das cidades são salas confortáveis, com sistema de som e imagem moderníssimos. Alta tecnologia. Tem tudo de bom, menos o charme dos tradicionais cinemas que marcaram épocas. Á noite não há mais placa luminosa anunciando filmes. Além disso os cinemas reduziram seu tamanho. Não há mais aquelas imensas salas nas quais funcionários com lanterninhas na mão nos indicavam os lugares livres.
Os filmes mudaram, tornaram -se violentos, infantis, ás vezes acelerados, meios bestas. Suas formulas passaram a se repetir como os sapatos á venda em lojas e são criados em serie, como sanduíches. A história emocionante do cinema em aventura e emoção na telona. Em São Paulo no cinema na Av. São João, a tela era côncava e o som era SOUARAND, dava a impressão que a gente estava dentro do filme, o primeiro filme que assisti nessa espécie o filme “Terremoto”, a emoção era grande com os prédios balançando, os pontilhões caindo e o solo se abrindo e engolindo os carros.
Lembro do tempo de criança, quando meu pai levava-me ao matine do cinema. Que alegria, tinha o filme principal e depois o seriado. Quando jovem o namoro no cinema, o guardar lugar para o namorado, o entrelaçar das mãos , os beijos roubados. Ah!...que emoção. Como dizia Rita Lee: “No escurinho do cinema, chupando dropes de anis.” Hoje não temos mais esse romantismo, que nos traz saudades.
O jornalista Márcio Moreira nos conta da história emocionante do cinema em Mato Grosso. O cinema aqui esteve relacionado em dois progressos de desenvolvimento. O primeiro, o ciclo da mineração se estende desde a implantação da Capital Mato-grossense em Vila Bela da Santíssima Trindade em 1719. Cuiabá trazia muita novidade para a sociedade Cuiabana, que teve o privilégio de assistir inúmeras companhias teatrais também vindas da Europa, que tinham como destino principal as cidades de Buenos Aires ( Argentina) e Montevidéu ( Uruguai), e que devido á facilidade de acesso por via fluvial, acabavam estendendo seu itinerário até Cuiabá.
Foram os irmãos Silva, comerciantes de Corumbá que exibiram o primeiro filme com imagens em movimento. O local foi um barracão de zinco, antigo Teatro Amor e Arte. O sucesso foi grande que os irmãos Cintra, comerciários cuiabanos inauguraram no mesmo barracão, no dia 8/11/1909, o Cinema Brasil, depois vieram outros cinemas em 1910 dos irmãos Paulinho e Domingos Dorsa, o Cinema Mundial, na rua 13 de junho. Logo depois inaugurou também o Cinema Ítalo-Brasileiro, na Av. XV de novembro, Porto. Ai vieram o Cinema Ideal, na esq. da Av. Getulio Vargas com a rua Joaquim Murtinho e o Cinema Cuyabano que se transformou no Cinema Parisien, em 16;07/1913. Esses cinemas faziam parte da geração cuiabana do Séc. 20. As vezes, as remessas de filmes vindos de São Paulo atrasavam, pois o único meio de transporte era fluvial nessa época.
Nesta ocasião o visual urbano de Cuiabá passou a mesclar os casarões históricos com construções arrojadas para a época. O glamour do cinema em Cuiabá se deu em 20/05/1965, com o Cinema Tropical, na rua Barão de Melgaço, onde hoje é o Banco Bradesco. O filme inaugural foi “ A pantera cor de Rosa”. Foi o primeiro com ar condicionado central. Perto do que se vê hoje nas salas de exibição dos Shoppings Center, o Cine Tropical era um palacete, com muito luxo na sala de espera até a sala de exibição. As mulheres desfilavam, deixando um rastro de perfume. Um aroma atraente quanto as pipocas que eram vendidas na frente do cinema. Os lustres e as cortinas de veludo vermelho era um show como um mundo mágico, emocionante. Um sonho que ficou para trás, mas ficou gravado na lembrança das gerações passadas.
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